domingo, 21 de abril de 2013

Fichamento 02 - O que é Semiótica (parte 2)




Esse fichamento corresponde ao restante do livro O que é Semiótica, da Coleção Primeiros Passos. Eu falo restante do livro mas a quantidade de páginas lidas foi ligeiramente maior (antes foram oito páginas, agora foram dez). O fichamento pode ser conferido logo abaixo.

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Continuando a falar sobre os estudos de Peirce e suas contribuições para o ramo da Semiótica, vamos abordar agora suas análises sobre signos, consciência e razão. Começaremos pela definição de consciência e razão.

Como o próprio Peirce afirma, "consciência não se confunde com razão, consciência é como um lago sem fundo no qual as ideias estão localizadas em diferentes profundidades e em permanente mobilidade. A Razão é apenas a camada mais superficial da consciência. Por ser superficial tendemos a ter autocontrole e também a confundir consciência com razão (O que é Semiótica - pagina 9)." Os estudos de Peirce sobre consciência e razão eram tão complexos cuja profundidade chega a ser comparada com os estudos do cérebro atuais, e quase comparados aos estudos de Freud.

Peirce também afirmava que a consciência estava em constante mutação, pois não temos controle dos fatores externos que interagem conosco, direto ou indiretamente (O que é Semiótica - pagina 9). E a partir disso ele chegou às três formas como os fenômenos podem aparecer para a consciência. São eles: primeiridade, secundidade e terceiridade. O fenômeno da primeiridade consiste na captação de sentimentos, sensações, acontecimentos ou qualquer outro tipo de fenômeno no instante em que este está ocorrendo. Ele é um estado espontâneo e imediato da consciência, ou seja, não pode ser transformado ou pensado. A partir do instante em que refletimos sobre ele precisamos nos "deslocar no tempo", ou seja, a reflexão sobre determinado fenômeno faz com que o mesmo não seja mais presente, uma vez que não é de imediato que processamos as informações em nosso cérebro. No fenômeno da secundidade, diferente do anterior, existe uma resistência do pensamento que de alguma forma irá transformar essa realidade. O fenômeno não mais encontra-se em seu estado puro. Ele agora contém rastros de interação nossa com o seu universo. Já o fenômeno da terceiridade está mais relacionado a inteligibilidade do ser, ou "o pensamento em signos do qual representamos e interpretamos o mundo (O que é Semiótica - pagina 12)". A partir do momento em que damos significado a alguma coisa estamos pensando em signos. Vale lembrar que nem sempre esses três fenômenos devem ser avaliados separadamente, já que eles são fragmentos de uma estrutura de pensamento maior.

Agora voltando o assunto para a definição de signos, "signo é uma coisa que representa outra coisa (O que é Semiótica - pagina 12)." Ele pode substituir algo quanto a função de representação dela. Uma bicicleta, por exemplo, pode ser entendida como bicicleta não apenas tomando como exemplo uma bicicleta real, como também por um desenho de uma, uma fotografia, uma representação minimalista etc.

Peirce divide o estudo dos signos em incontáveis vertentes, mas o livro foca especialmente em três. A primeira e a do entendimento do signo como ícone, ou seja, símbolo que que possui mera função qualitativa. Se avaliarmos uma obra de arte como uma pintura levando-se em conta apenas seu aspecto estético, ela pode ser considerada um ícone. A Segunda é a da compreensão do simbolo como índice, ou aquilo que denuncia existências ou presenças passadas. "Qualquer produto do fazer humano é um índice (O que é Semiótica - pagina 14)", uma pegada em um determinada lugar anuncia que um ser vivo passou por aquele local, ou um monumento denuncia a presença de seres humanos e ferramentas para que ele fosse construído. E o terceiro é o entendimento do signo como seu interpretante. A partir dele podemos generalizar a existência de algo. A palavra olho, por exemplo, pode representar qualquer tipo de olho: feio, bonito, grande, pequeno, azul, verde, de um ser humano, de um pássaro etc.

Os estudos de Peirce sobre consciência e significado dos signos foram trabalhados por ele com o intuito de auxiliar todos os outros ramos do conhecimento humano. É notável a importância dele não apenas para a Semiótica, mas para qualquer área de estudo.

Santaella também cita outros estudos que precederam a Semiótica e contribuíram para o surgimento desta ciência. Um deles foi o estudo da Semiótica sob a perspectiva sausurreana, de Sausurre. Como ele afirmava, "a língua é um sistema de valores diferenciais, isto é, a língua é uma forma na qual cada elemento, desde um simples som elementar, só existe e adquire seu valor e função por oposição a todos os outros. [...] Nessa medida, a linguagem falada ou linguagem articulada só pode produzir sentido sob condição de dar forma a um certo material, segundo regras combinatórias precisas.[...](O que é Semiótica - pagina17). Apesar de o livro focar nos manuscritos de Peirce, muitos foram os estudiosos que colaboraram para fazer da Semiótica o que ela é hoje. Obviamente ainda existe muito  a ser explorado e descoberto, mas os estudos já deixados são de grande contribuição para a construção de um conhecimento útil em muitos ramos da atuação humana.

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É isso. A cada leitura aprendo um pouco mais de como devemos observar e tentar interpretar as linguagens e signos existentes. Mas claro, ainda tenho muito o que aprender. ^^













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